Utilizei tecidos e cordéis de algodão na série “História
Trágico-Marítima (S.N.B.A. Lisboa, 1983). As sacas de linho já rasgadas ou os
panos de tenda que acoitaram os militares em África transformaram-se em velas
de navios que os ventos desfizeram, os cordéis em cabos rebentados pela tensão
dos mastros que se despedaçavam em naus desgovernadas.
Voltei a usar preparos similares aos usados na série
“…tornando na volta o mar…” (itinerante iniciada na Casa da Cerca, Almada, 2006,
e concluída no Centro Cultural da Câmara de Hirado, Nagasaki - Japão),
inspirada na “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, recorrendo também a objectos
trazidos de territórios por onde se aventurou, a tecidos recortados em formas
circulares, evocativas de uma rota traçada pelas estrelas mas que o erro
levava, tantas vezes, a voltar ao ponto de partida.
Coube-me em sorte ser eu hoje o viajante e o material que
uso nesta obra nómada ser da família do que usei anteriormente, constituindo
parte de uma bagagem errante que já naufragou em mares desconhecidos e que, com
Fernão Mendes Pinto, viajou pelos mares da China.
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