sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A “cela” dos Tufões ou a Caixa de Pandora

Bola preta (estudo)
Apanhado pelo tufão, não vale a pena resistir-lhe.
Dado o alerta, içado o primeiro sinal, dá-se um salto à livraria, passa-se pelo supermercado e convidam-se alguns amigos para matar o tempo até que a tempestade se desfaça ao entrar pela terra dentro.
 A prudência aconselha a que se protejam os vidros das janelas com fita adesiva.
Um dia em Macau ao entrar na câmara de acesso ao recinto fortificado da Guia, deparei-me com os sinais indicativos da força dos tufões que, suspensos de uma robusta barra de ferro, aguardavam a sua vez de serem içados um por um no mastro donde seriam avistados de terra ou do mar.
Era como se tivesse entrado na Caixa de Pandora tendo tido, por momentos, a sensação de que, se batesse as palmas e os espantasse, soltaria todas as tempestades.
Os bambus ajoelhar-se-iam beijando a terra.
Os tufões provocaram-me sempre um sentimento misto de receio e aventura. O receio de os enfrentar e a aventura de os desafiar. Contagiado pela magia que sobre mim exerciam ou pela imponente presença  dos sinais que regularmente visitava, realizei uma série de trabalhos que intitulei “Sinais de Tufão”.
Gravura
Foi apresentada em Macau em 1995 por iniciativa do IPOR – Instituto Português do Oriente.
Posteriormente foi exposta no Círculo de Bellas Artes em Madrid e no Museo del Grabado Español Contemporáneo em Marbella.
Cascais 2013

Sem comentários:

Enviar um comentário