terça-feira, 8 de setembro de 2009

Assilah 2009


E assim os olhos se me encheram de branco. Regresso aos sítios por onde me deixava perder em 1978.
Durante todos estes anos não me cansei de pensar – e de falar – num beco onde tudo era branco. Era pequeno, como também pequenas eram as casas onde tudo era caiado de branco. Também o chão o era.
Sentado na soleira de uma porta, com o sol já mais baixo que as muralhas, a ausência de sombra trazia-me uma indescritível paz, como que uma levitação. Por lá ficava até que os habitantes regressassem da oração da tarde.
E ali ao lado uma velha porta - que fora tapada, rebocada, caiada e que agora integrava um muro branco – e cuja memória se projectava em sombra rasante ao longo da luminosa superfície.
Da memória dessa porta já nada resta.
No meu trabalho ficaram outras marcas por aquelas deixadas. E que, entre outras, se estenderam até à Pedra da Escrita de Serrazes.
Não acredito que haja obras que existam por acaso.

Souk - gravura, 1978

Série Serrazes - Cast paper, 1982

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